PUBLICADO NO JORNAL DE MINDE - SET 2009
Considerações à volta dum projecto
Sim, digo bem, à volta, porque lá dentro não quero entrar.
Não me sinto habilitado para apreciar e dar pareceres em questões de natureza funcional. Isso compete aos seus potenciais utilizadores. Mas não me coíbo de dar a minha opinião sobre o seu aspecto, do ponto de vista estético, e da sua pretensa localização.
Pessoalmente não me identifico com aquele estilo arquitectónico. Para mim é daqueles complexos em que os olhos não são capazes de poisar por muito tempo, nem com alguma especial admiração.
Será mais uma obra incaracterística, de linhas cubistas, semelhante a tantas outras que se vão vendo aí por todos os lados, no género da igreja do Marco, do Centro Cultural de Belém e do teatro de Bragança, a fazer lembrar uma composição feita com caixas de vários tamanhos e em diferentes posições, com mais ou menos intersecções entre si.
Para o seu traçado o arquitecto apenas utilizou réguas e esquadros. O compasso não lhe foi preciso. O resultado é um conjunto arquitectónico desagradável à vista e agressivo ao sentido estético da generalidade das pessoas.
Volto a lembrar que não quero pôr em causa a funcionalidade de tais obras mas não posso deixar de afirmar que em questões de estética os olhos também comem.
Dêem-se os leitores à curiosidade de passar pela rua que, da rotunda de Porto de Mós segue em direcção à Batalha, prolongando até lá o vosso passeio e digam-me depois onde é que há arquitectura mais bonita – numa ou noutra das vilas?
Mas deixemos o projecto em si e vamos à sua implantação.
Caberá na cabeça de alguém de bom senso construir um complexo com aquelas características no espaço onde o querem levantar, agora ainda mais enobrecido com a recuperação da Casa Açores?
Isso seria um autêntico atentado contra as mais elementares regras do urbanismo.
Em vez de se manter em evidência aquele magnífico ex-libris, tentar abafá-lo com uma construção gritantemente desenquadrada do ambiente do Largo, será um imperdoável agravo que se comete contra Minde, que os vindouros não perdoarão.
Acresce a tudo isto a exiguidade do espaço que se pretende ocupar com a consequente perda de área para eventos, estacionamento e desafogo duma terra que não queremos que se transforme num corredor, como acontece com a nossa vizinha Mira de Aire.
Uma terra sem logradouros públicos repele. Uma terra com amplos espaços, devidamente arranjados, torna-se acolhedora, e disso tenho eu experiências mais que provadas.
E se não houvesse o Largo das Eiras?
Será que Minde não tinha mais nenhuma hipótese de dotar as suas colectividades com as estruturas necessárias ao seu bom funcionamento e desenvolvimento?
O tempo dum só partido acabou. O povo agora também tem uma palavra a dizer e eu, por agora, acabei de dizer a minha, tal como muitos outros que também já disseram as suas.
Abílio Madeira Martins no JORNAL DE MINDE - Set 2009
12 comentários:
Agora já se pode opinar livremente sobre o largo das eiras, os icas já foram corridos e assim a nossa opinião não sofre pressões.
Que eu saiba vivemos numa democracia, sempre se pode opinar, e a casa das artes é apenas um projecto nada estava em concreto, se as nossas colectividades tanto pediram a camara ele arranjaram uma solução..... oh wolfinho nao percebo pk ainda tanta coisa com os icas....deixa os homens em paz.....e nao foram corridos ainda ha icas.......
De facto, só mentes muito perversas é que se lembravam de mandar projectar uma monstruosidade destas para o Largo das Eiras. É impressionante como gente que se considera culta (cultíssima) se sente feliz por aceitar esta bimbalhice e ao lado se limitou a aceitar um micro-mini-pequeno-dito-museu.
E sabendo que há icas na junta que também eram contra o largo das eiras......
Wolfinho, não concordo contigo.
1 - Ainda há ICAs
2 - Há muita gente que votou ICA que não é ICA. São os ESTRATEGAS.
3 - As pressões virão na mesma, mas doutros cantos. Dos ESTRATEGAS
4 - O chamado divisionismo está implantado, tanto Covão / Minde, como Minde / Minde e só a JFM poderá atenuar isto
5 - Palmita-me que as Eiras vão continuar dar pano para mangas, e só lá para o final do próximo mandato começará a ganhar contornos de resolução.
6 - Um abraço, e não te chateies, mais (por agora) com isto tudo. Deste o teu melhor, sei que a tua revolta é contra o cinismo e não contra a derrota, mas esquece.
Por vezes, Deus escreve direito por linhas tortas.
Como diz o P. Albino: Temos de ter fé.
Não temos ica, mas sim PardalIca :) he he
Meu caro wolfinho pelos teus comentários vejo que está difícil digerir a derrota do NR.
Era bom que respeitasses os 2000 e tal votos das pessoas que votaram ICA e não os insultasses com expressãoes como 'foram corridos'.
No mínimo porque há 2 vereadores eleitos dos ICA e 8 membros na Assembleia Municipal do mesmo grupo.É que os que ganharam só ganharam as eleições, faltam ainda 4 anos para mostrarem do que são capazes. Só depois disso é que podes dizer: ainda bem que o PS ganhou as eleições (se for o caso).
Cá estaremos para analisar.
Até lá deves respeitar a democracia e todas as pessoas que votaram e foram eleitas, quer tenham ganho ou não, como tu desejarás certamente: ser respeitado quando estiveres na A.Freguesia.
É um princípio basilar da democracia e fazia-te bem aprendê-lo.
É por essas e por outras (falta de respeito pelos opositores) que o NR perdeu as eleições.
Quando conseguires perceber isto talvez tenhas hipótese de as ganhar. Até lá não vais longe.
C.D.
Estás um pouco enganado.
Claro que me custou perder, tínhamos ideias e projectos, pequenas coisas que uma junta pode fazer e que esta se mostrou com tal inércia que se desculpou com dividas, dividas essas que foram pagas pela CMA com estava previsto desde o inicio. Como tal se não me custasse a derrota, era sinal que tinha concorrido sem convicção de poder fazer melhor.
Quando digo que agora podemos opinar porque os icas foram corridos, faço pelo que senti na pele. Sabes é fácil opinar anonimamente sem dar a cara, mas eu estou no jornal e dou sempre a cara sem medo, e de cada vez que no jornal saia um artigo menos abonatório para a CMA, os icas em vez de respeitarem a democracia e usando o direito ao contraditório, não o faziam, mas sim recorrendo a opressão com telefonemas.
Claro que os 704 icas que votaram para a CMA não sentiram isso na pele, mas como vês eu tenho razões para estar contente por eles terem perdido. O que não quer dizer que daqui as uns meses não possa estar a dizer o mesmos dos que vão para lá agora, mas até lá folgam as costas.
Espero ter sido esclarecedor ( e dei a cara, coisa que não tiveste coragem de fazer)
O anónimo anterior tem razão no que se refere ao Henrique Lobo. Está a custar a engolir a derrota. Ninguém gosta de perder, mas há sempre outros que nos podem ganhar.
Sou insuspeito ao dizer isto, pois fui um dos que mais zurziu na estratégia ICA. Os ICA também não são o diabo em figura de gente, Wolfinho. Que diabo, haja calma.
Começo a suspeitar que o Wolfinho se ganhasse iria ser pouco democrático com a sua hipotética vitória.
A avaliar pela sua reacção à derrota, claro.
Vmcs tem muita razão.
Wolfinho tenha calma com as palavras no primeiro comentário.
Com as suas palavras só está a fazer com que pessoas que ate agora até o tinham em muito boa consideração, respeito e admiração, como é o meu caso(anonimo), comecem a duvidar de muitas do que pareciam ser, suas qualidades.
Quanto ao facto de uma vez mais acusar e críticar o facto de serem colocados post's em anonimo, como exemplo o que estou a colocar, é do direito e opinião de cada um o fazer.
Sem intenção de o julgar, se no primeiro comentário a este post tivesse escrito em anónimo talvez agora ninguém ficasse com uma opinião acerca da sua pessoa. Também ao nível democrático não teria sido tão questionado uma vez que se candidatou.
Ficou-lhe pessimamente.
Abraço a todos os mindericos.
(que no fundo era o que os mindericos haviam de fazer em vez de se atacarem)
sem ofensa
wolfinho dizes-te muito senhor do jornalismo mas pareces a manuela moura guedes que devia ser neutra e não o foi.
ICA EM MINDE !!! =)
Para o anónimo dos abraços
Criticar anonimamente é muito fácil. Pode ser um direito e uma defesa, mas não acho que seja muito ético. Agora incentivar os outros a que o façam o mesmo, então vale mais estar calado.
O Wolfinho está indignado e tem toda a razão. Houve muito cinismo e hipocrisia neste processo todo, e alguns que já comentaram neste post sabem bem disso. Basta meterem a mão na consciência.
O tempo se encarregará de revelar as verdades.
E no 1º comentário a que se refere, o Wolfinho tem TODA A RAZÃO.
Todos sabrmos bem das pressões que os autarcas anterires faziam, o que ainda se verificou há mesnos de 15 dias com a simples opinião de um cidadão. O anónimo (a) sabe bem do que estou a falar e não venham agora com a treta de conversas moralistas com abraços e beijinhos, porque essa coisa da moralidade tem muito que se lhe diga. Antes de se criticar os outros, devemos olhar para dentro.
Um abraço, também dos meus, para juntar aos seus
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