09 junho, 2008

O Dia do Pedal


POR AGOSTINHO NOGUEIRA

Já no número anterior chamei ao dia 18 de Maio o Dia do Pedal.
Nessa altura não fazia ideia de que a expressão viria a ser tão próxima da realidade.
Não só porque foi muita gente a pedalar de bicicleta por Minde e seus arredores, como ainda porque pedalar é dar ao pedal e isso também se pode entender como dar ao chinelo ou à sapatilha – e muitos foram os que nesse dia resolveram dar à sapatilha, aderindo ao “pela sua saúde, mexa-se”!
Num cálculo por alto, não erraremos muito se afirmarmos que cerca de seis centenas de pessoas estiveram envolvidas – perto de quatrocentas na prova de BTT, umas cento e cinquenta a duzentas no passeio pedestre e perto de cinquenta no BTT para crianças, ou mini BTT.
Mais espectacular ainda do que estes números é a lista de localidades donde vieram inscrições para a prova de Bicicleta - Todo o Terreno. Uma vista de olhos pelo site do Natura Minde, consultando a lista de inscrições, e pode verificar que, de Minde, são poucas, e que as localidades donde provêm os participantes vão desde Leça do Balio, para lá do Porto, a Azeitão, nas proximidades de Setúbal, e de Castelo Branco a Sintra.
Ou seja: provavelmente pela primeira vez, em Minde conseguiu organizar-se um evento em que foram mais os participantes de fora do que os naturais.
- Que factores poderão ter contribuído para um resultado tão espectacular?
A motivação – o ciclismo todo o terreno, uma actividade jovem e de aventura em franco progresso.
A nossa paisagem, pelas suas características ideal para este tipo de desporto.
Uma organização que se poderia considerar em regime experimental, mas que deu provas de muito conhecimento da matéria e de muito esforço para que tudo saísse perfeito.

O início foi pelas 8,30 horas junto do pavilhão Gimnodesportivo, onde o Sr. P. Albino procedeu à bênção da actividade, com palavras de encorajamento e de atitude positiva perante o exercício físico, o contacto com a natureza e a competição saudável. Depois, com pequenos intervalos, o início de cada uma das actividades.



A prova de BTT
O número de inscritos aproximou-se dos 400. De Minde são uns 45, pouco mais de um em cada dez. Os restantes vieram de localidades tão diversas como Coimbra, Leça do Balio, Batalha, Oliveira de Azeméis, Barquinha, Belas, Barreira, Marrazes, Damaia, Rio Maior, Azeitão, Torres Novas, Seixal, Vila Franca de Xira, Samora Correia, Santa Margarida, Caldas da Rainha, Lisboa, Tomar, Amadora, Algueirão, Almeirim, Feijó, Bicesse, Sardoal, Porto Alto, Mucifal, Marinhais, Mira Flores, Pombal, Castelo Branco, Oeiras, Massamá, Quinta do Conde, Alfornelos, Gaeiras, Maiorga, Sintra, Alfragide, Matosinhos, Alferrarede, Paço d’Arcos e de muitas, muitas outras localidades.
A prova iniciou-se pelas 9 horas e percorreu uma parte da Mata, entrando em Minde e saindo no Poio. Depois subiu à Cabeço da Barreira, ao Vale Alto, e aos Moinhos do Covão. Em seguida, acompanhando a auto estrada, seguiu até às Moitas, e aos arredores de Vila Moreira. A
seguir pelo Covão do Feto, Serra de Santo António, entrada em Minde depois de descer a Costa e passagem pelas escadinhas da zona antiga de Minde até chegar à Praça 14 de Agosto. Um total de 45 quilómetros, quase todos pedalados em itinerários serranos.
O concorrente que demorou menos tempo foi João Tiago Cancela Leal com 1,58 h e o mais atrasado que cumpriu a totalidade do itinerário demorou mais 3,16 h…
Depois da prova, os participantes de todas as actividades que para o efeito tinham feito a sua inscrição almoçaram em regime de self service no pavilhão Ana Sonsa.



O mini BTT

A prova de Mini BTT estava destinada às crianças. Mas uma criança de 7 anos é muito diferente de uma criança de 12. Por isso houve que separar em dois grupos, com percursos diferentes.
A mata estava enlameada, às vezes havia que pôr os pés em terra para sacudir a lama das rodas da bicicleta, mas assim todos se foram divertindo e compreendendo que pedalar na natureza é prescindir do alcatrão e da calçada. Foi bom começar e chegar ao fim!



O pelotão da sapatilha
O grupo da sapatilha complementou este programa. Eram mais de uma centena, a maior parte de Minde, e muitos vindos de outras localidades do concelho, com a colaboração do autocarro da Câmara. Idades, as mais diferenciadas, desde os que já atingiram os setenta até gente mais jovem. E até duas mães que quiseram participar empurrando os carrinhos com os seus bebés.
Percurso pela mata, palmilhando cerca de sete quilómetros nesse ambiente de marcela, papoilas e alguma lama que a chuva deste Maio ainda proporcionou.
O grupo era maior do que se previa. A procissão alongou-se nos caminhos estreitos da mata enlameada e não permitiu que funcionasse em boas condições o que estava planeado - explicação dos lugares e do fenómenos das nascentes. Valeu a intenção. Para a próxima, um megafone pode ajudar.
Entrando ao lado do Supermercado seguiu-se até ao Regatinho. Daí para a nascente do Poio. Depois no sentido do poente até ao Alto do Lombeiro, onde havia sandes e laranjas para retemperar as forças. E finalmente em direcção à saída, junto às Malhas Sazel.
Cerca de três horas de marcha bem aproveitadas, apesar de uma chuvinha, quase no início, que fez esmorecer uns poucos.

Em resumo, não sou tão optimista que me atreva a dizer que surgiu um caminho para o nosso desenvolvimento futuro … mas também não julgo que o nosso desenvolvimento futuro deva surgir dum único caminho.
As malhas como caminho único já nos ensinaram que “pôr os ovos todos debaixo da mesma galinha” é uma má solução. É necessário encontrar saídas por diversas frentes, e esta dos desportos da natureza, mais radicais ou menos radicais, pode ser uma delas.

A. Nogueira in " Jornal de Minde"

PS: Apenas uma correcção:
A CM Alcanena não disponibilizou o autocarro para o transporte do pessoal para a caminhada, como está escrito no texto, e tal como estava prometido. Também nunca ninguém esclareceu a organização dos motivos, nem deu qualquer tipo de explicação para o sucedido, mas penso que alguém se "esqueceu" do que tinha assumido e não deu a devida importância ao assunto. Porquê?
Ninguém exige um pedido de desculpas, mas uma justificação era o mínimo que se poderia esperar numa situação destas.
PM

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