16 julho, 2008

Atentados ambientais no Maciço Calcário Estremenho

Estrumeira no Planalto de S. Mamede
Na Cerrada do Filipe, perto do cabeço da Azambuja, em plena área de lapiás em estratos sub-horizontais, estão a ser depositadas toneladas de estrume de aviário. O estrume é transportado em grandes camiões e espalhado com buldozer pelo lapiás, tendo já espessura superior a 1 metro. O cheiro nauseabundo e as moscas espalham-se a várias centenas de metros em redor, ao sabor da direcção do vento.
Até ao momento não são conhecidos os responsáveis deste crime ambiental que, além dos efeitos mais evidentes, põe em risco os recursos hídricos subterrâneos da região.
A Sociedade Portuguesa de Espeleologia (SPE) contactou já as autarquias com jurisdição sobre a área e espera que a situação seja rapidamente revertida.



A febre do futebol é justificação para os maiores desvarios e no Covão do Coelho pode assistir-se à mais recente prova de boçalidade do nosso povo. O lapiás da crista de calcários que se situa no alinhamento da Lapa do Picareiro foi pintado com dois grandes rectângulos vermelho e verde
e um círculo amarelo. O mínimo que se espera é que sejam identificados os autores desta torpe demonstração de desrespeito pelos valores naturais da região e que os culpados sejam obrigados a recuperar convenientemente os lapiás. A junta de freguesia de Minde e o Parque Natural das Serras de Estrumeira no Planalto de S. Mamede Aire e Candeeiros já foram contactados pois considera-se que têm também um papel a desempenhar na resolução da situação e na prevenção contra futuras iniciativas lesivas do património natural.



Na fronteira entre os concelhos de Alcanena e Porto de Mós está a ser criada uma das maiores lixeiras clandestinas de Mira de Aire. É já conhecida a sorte de muitos dos caminhos rurais da vertente onde se situa a vila de Mira de Aire, utilizados para vazadouros ocasionais dos mais diversos tipos de entulhos e lixos, como a SPE já várias vezes denunciou. Todavia, a lixeira do Vale Mirão é talvez a mais grave, não só pelas dimensões que já atingiu mas também por afectar gravemente a paisagem deste vale que é o mais entalhado dos que descem aquela vertente em direcção ao fundo do polje de Minde. Ela é também a infeliz prova da falta de civismo e de cultura do nosso povo e dos nossos autarcas, na medida em que, ao que se saiba, nem os moradores denunciam a situação nem a Junta de Freguesia de Mira de Aire se opôs de forma eficaz a estes actos.

Poder-se-á estar a contribuir para a destruição irremediável de uma região única no País. Além de apresentar riqueza incalculável em recursos hídricos subterrâneos ainda se poderiam retirar benefícios directos, quer seja através do turismo de natureza, de aventura, na produção de produtos agrícolas e gastronomia tradicionais e mesmo no bem-estar proporcionado pela beleza da região. Esses valores, se protegidos e valorizados, poderão ser uma mais-valia real no aumento da sua própria qualidade de vida.
Infelizmente, os casos apresentados ilustram que os habitantes e da região ainda não tomaram consciência da riqueza natural que está à sua disposição.
Texto da autoria da Secção de Ambiente da Sociedade Portuguesa de Espeleologia e de João Gonçalves Henriques da Delegação de Minde da SPE publicado in "Jornal de Minde" Junho 2008

2 comentários:

Anónimo disse...

Não estão sensibilizados????? O camandro é que não estão sensibilizados. Se o lixo fosse deitado á porta desses autarcas da Mira de certeza que a junta já se opunha, já se mostrava sensivel a determinados assuntos. De qualquer maneira eu considero que pessoas com esta atitude de se despreocupar com assuntos ambientais tão graves como estes que são aqui publicados, deveriam ser irradiados da politica sem direito a qualquer espécie de pensões.

Andamos a sustentar uma camada de chulos que nada fazem a não ser esperar pelo seu chorudo vencimento ao fim do mês. E depois.... depois ainda ficam com benefícios no que diz respeito a reformas, como se fossem detentores de um grande corrícolo.

Eu e muitos, sentimos que nos andam a ir ao "pacote" se é que me faço entender. E eu estou a senti-lo bem lá no fundo.

Anónimo disse...

Caro anónimo.

Tem bom remédio. Concretize. Diga quem não se mexeu depois de receber uma denúncia sua. Ponha a boca no trombone. Candidate-se contra a incompetência.

Agora, mandar atoardas genéricas e já gastas para o ar é perder o seu tempo e o nosso, que lê-mos os comentários na esperança de encontrar alguma coisa de jeito. Já todos sabemos que quem nos governo é incompetente e irresponsável.

Esta situação ambiental é lastimável. Mas, pelo menos a do Covão do Coelho foi denunciada, à Junta de Freguesia de Minde, à Câmara de Alcanena e ao PNSAC. Alguns membros do PCP fizeram-no, assim como da espeologia e grupos de jovens do Covão e de Minde.