28 abril, 2008

Visita ao Carsoscópio

No passado Sábado fui visitar o Carsoscópio, juntamente com alguns casais amigos e respectivos filhos. Fiquei satisfeito. Penso que todos ficaram com uma percepção geral do que é uma zona cársica. Claro que há algumas arestas a limar, sobretudo omissões ou algumas inverdades a retirar. Mas recomendo a sua visita a todas as pessoas, sobretudo às familias que tenham filhos na faixa etária até aos 14 anos.

Vamos então detalhadamente analisar o equipamento:

Primeiro aspecto: o itinerário. À saída da autoestrada, no cruzamento para Alcanena ou Torres Novas, já devia estar colocada uma placa informativa. Depois na primeira rotunda, a placa indicadora está mal colocada, deveria indicar a esquerda na primeira saída e não a direita na segunda saída. Em Alcanena, há uma rotunda não sinalizada. Um casal chegou atrasado e quando passou por Alcanena tive que dar-lhe indicações por telemóvel. Também a estrada municipal até à ponte do Alviela poderia ser melhorada e alargada.

Entramos. O funcionário que vendia bilhetes (manuais!!!) não avisou as pessoas que crianças pequenas não poderiam ir para o simulador, o que causou problemas às monitoras de serviço, nomeadamente quando um pai que não pertencia ao grupo cismou que tinha pago os bilhetes e os filhos (com uns 3-4 anos) tinham direito a ir no simulador. Não sei se foram ou não porque essa família foi colocada noutra visita guiada. Daqui depreendi que:

  • O funcionário tem de avisar os pais dessa restrição ANTES de vender os bilhetes ou um aviso deve ser colocado na recepção.
  • As monitoras têm que ser mais firmes quanto à observação das regras. No Eurodisney ninguém questiona a altura das crianças. Ou têm ou não têm.
  • Deveria haver à entrada do simulador uma régua vertical para verificar a altura das crianças.

Uma palavra especial para as duas monitoras de serviço. Foram muito simpáticas e já possuiam conhecimentos além da média sobre o assunto.

O simulador está muito bem conseguido. O filme a três dimensões ainda está melhor (gostei mais). O conteúdo (quer do que é passado no simulador quer do filme) é que, cientificamente, poderá ser melhorado:

  • Não é verdade que no Maçiço Calcário Estremenho o Alviela seja a única nascente permanente. O Almonda também o é. O rio Lena e o Lis também o são. Sobretudo a omissão do rio Almonda é gritante.
  • Os locais onde foram encontradas pegadas de dinossauros poderiam ser assinalados num mapa. Todas as pessoas que iam comigo me perguntaram onde foram encontradas e se eram visitáveis. E não me estou só a referir apenas às pegadas junto de Fátima.
  • Também na referência aos nossos antepassados do paleolítico que habitaram na região se aplica a mesma omissão. Onde foram encontrados vestígios da sua presença? Na gruta do Almonda, na gruta da Marmota em Moitas Venda, etc.
  • Ainda falando das grutas, só são referidas duas: a gruta do Alviela e o Algar da Pena. Um leigo poderá ficar com a sensação de que é necessário um capacete para visitar as grutas! Poderiam falar das grutas abertas ao público: Mira de Aire, Santo António, Alvados, Moeda.
  • Mostram-se imagens das nascentes do Alviela em momentos de grande pluviosidade, mas não se aproveita para se explicar porque são chamadas de «Olhos de Água».
  • Também o polje de Minde-Mira de Aire é pouco destacado. Não se explica a palavra «polje», não se mostra a imagem do polje completamente inundado e com ondas, não se refere que faz parte da Rede de Zonas Húmidas. A perspectiva mostrada (a partir de Mira de Aire) não é a melhor pois a poente a inundação do polje é menor, por ser mais elevado aí.
  • Ligado ao ponto anterior, no filme mostra-se num mapa a localização das nascentes temporárias do polje de Minde (até a Contenda!) mas o texto não as explica, passando despercebidas.
  • Esqueceram-se de dizer que ele é de origem tectónica, existe uma falha por onde o polje tem deslizado ao longo dos séculos. Tive que passar pelo miradouro do Caruto para explicar o que era o polje e como tinha sido criado. Os meus amigos não tinham percebido. Mais uma vez, a importância do polje é «desprezada».
A parte dos morcegos foi a menos conseguida, talvez porque dois equipamentos estavam avariados. O «labirinto» poderia ser maior e não ser visto do exterior (porque não uma verdadeira câmara escura?) falta a simulação de um sonar para ver como os sons emitidos pelos morcegos são reflectidos e dão a indicação de distância e direcção. A monitora por acaso tinha um morcego embalsamado que serviu para mostrar a REAL dimensão de um morcego.

O saldo é positivo, o restaurante (que já conhecia) é muito bom, com preços acessíveis e serviço atencioso. Se melhorarem alguns pequenos aspectos e fizerem uma nova versão, sobretudo do filme, ficaremos todos a ganhar.

P.S. Se eu estou a ser incorrecto nalgumas observações, p.f. digam. Não quero ser injusto.

2 comentários:

gAz disse...

E a Nascente do Liz também é no Maciço Calcário Estremenho (é calcário e não central, o Maciço central é o da Serra da Estrela).
A falha que dá origem ao Polje, pensa-se que não é apenas uma (pensa-se), e não há apenas o o deslize do Polje existe também o elevar das serras.

JMQ disse...

Obrigado, já fiz as correcções apontadas.