04 junho, 2007

Têxteis fazem frente à crise

A Rogam é uma das indústrias de têxteis que tem procurado fazer frente à crise no sector através de uma forte aposta na exportação. A empresa direcciona já 50% da sua produção para o mercado estrangeiro, em especial para Espanha, França, Inglaterra e Itália. A aposta na qualidade dos produtos de lã e na modernização dos processos produtivos, em detrimento da produção em quantidade, têm permitido à empresa estar em alguns nichos de mercado que lhe garantem sustentabilidade financeira.

A Rogam emprega actualmente 33 colaboradores mas a maioria da produção é feita em modernas máquinas que produzem autonomamente um artigo de lã completo, quase sem intervenção humana. Para os outros produtos de gama elevada, a mão de obra especializada é ainda indispensável, mas segundo o director da empresa, Samuel Gameiro, não é fácil encontrar profissionais especializados no mercado. Refira-se que a maioria dos trabalhadores da Rogam tem uma média de idades acima dos 40 anos.

O sector chegou a ser o segundo maior do concelho de Alcanena e empregava centenas de trabalhadores. “O efeito da globalização deixou-nos sem ferramentas para enfrentar a crise no sector. Somos uma espécie em vias de extinção”, alerta Samuel Gameiro, apontando a concorrência asiática e do leste europeu como a principal causa de decadência dos têxteis. “Os governantes portugueses e europeus deviam dizer claramente se querem ter indústria e tomar medidas para a defender, porque qualquer dia acabamos por ser um continente de serviços”, analisa Samuel Gameiro. Para o director da Rogam a solução passaria por criar um cluster sectorial, que pudesse juntar industriais de têxteis com os fornecedores nacionais de lã, até porque estes são cada vez menos e as indústrias trasnformadoras estão já a recorrer à importação de lã para fazer face às necessidades de matéria-prima. Segundo as contas de Samuel Gameiro, terá havido uma redução de mais de 50% no número de fornecedores de lã e de cerca de 30% nas indústrias de malhas.

Para fazer face à crise, a Rogam tem apostado em criar produtos com design inovador e com um nível qualitativo destinado a nichos de mercado de alta gama. Em Portugal, a empresa comercializa a marca Forguest. Para o mercado estrangeiro, os produtos são fabricados à medida dos pedidos dos clientes que depois comercializam com marca própria.

A empresa nasceu em 1955 pela mão de António da Silva Roque Gameiro, pai de Samuel Gameiro. Mas a tradição nesta área de negócio começou com o avô de Samuel Gameiro, António Roque Gameiro, que fundou a primeira fábrica de malhas de Minde, na década de 40. No futuro, a continuidade do negócio poderá estar garantida, uma vez que a filha de Samuel Gameiro, formada na área da publicidade e do marketing, está já apoiar o pai na gestão da Rogam. A área de marketing é uma das que mais relevância tem para a indústria, uma vez que permite às empresas colocarem os seus produtos no mercado e fazer a diferenciação em relação à produção em série indiferenciada oriunda dos novos países emergentes.
Publicado in "O Ribatejo"

1 comentário:

Anónimo disse...

O Sr. Eng. Samuel Gameiro, comenta aquílo que todos os empresários da industria textil em Portugal pensam. A sua análise é correcta, tardia, mas ainda atempada

Não restam dúvidas que a aposta na ind. textil está na inovação/creatividade e consequente internacionalização, nomeadamente a Europa. Também compreendeu que vender no mercado europeu não é exportação, necessário é ter um bom suporte em recursos humanos para levar a imagem das empresas do sector e, compreender a complexidade dos diversos mercados que se propõem atingir, faziadamente, mas seguramente, passo, após passo.

Um bem haja e que continue a dar o exemplo. Já agora outras empresas de Minde deveriam seguir o exemplo.

Cumprimentos: Augusto Morais