01 junho, 2007

Vila cresceu mas perdeu fábricas



As sirenes das fábricas de Minde deixaram de soar como antigamente. Os sinos industriais que ditavam o ritmo da vida dos mindericos transformaram-se em buzinadelas apressadas de automóveis ansiosos por sair da vila em direcção a outras paragens. A freguesia vai perdendo, pouco a pouco, o fulgor industrial de outros tempos. Hoje existe pouco mais que uma vintena de fábricas de têxteis (malhas) quando em tempos chegaram a existir mais de 100, sendo este o principal sector de actividade desta vila e o segundo maior do concelho de Alcanena. As malhas e as mantas de Minde levaram mais longe o nome deste pedaço de terra, situado num vale das Serras de Aire e Candeeiros, uma vila que foi pátria de muitos comerciantes.

A economia global também chegou a Minde e os industriais queixam-se sobretudo da concorrência dos asiáticos e dos países do leste europeu. As poucas fábricas que sobrevivem fazem-no à custa da modernização tecnológica e da aposta em nichos de mercado. O desemprego bateu à porta de muitos mindericos obrigando-os a sair da freguesia em busca de melhor vida noutros concelhos à volta. Outros, embora trabalhando fora, optaram por aqui ficar a viver, uma vez que a vila está bem servida em acessibilidades e serviços de apoio às famílias.

A quebra da indústria e sobretudo a falta de uma zona industrial que permita diversificar as actividades económicas são os principais lamentos dos mindericos, expressos a O Ribatejo pelo presidente da Junta de Freguesia, António Fresco. Para breve prevê-se a criação de uma zona industrial, cuja primeira fase já foi aprovada e contempla 16 lotes. A Câmara tutela o projecto que tem vindo a ser adiado devido a uma necessária reformulação do projecto no que respeita à construção das estradas de acesso à zona. As obras deverão recomeçar em Junho, garante Luís Azevedo, presidente da Câmara de Alcanena. As obras atrasaram também porque foram interpostas algumas providências cautelares pelos proprietários dos terrenos que foram expropriados. No entanto, o Governo atribuiu declaração de utilidade pública a esta infra-estrutura que é considerada como uma das grandes esperanças para atrair investimento económico e fixar população, naquela que é uma das maiores freguesias do concelho em termos populacionais, com 4 mil habitantes.



PDM vai alargar até zonas com saneamento básico
António Fresco defende ainda que a revisão do PDM de Alcanena deve contemplar mais espaços de construção em Minde, permitindo que o perímetro urbano possa crescer em direcção a norte (Fátima) e em direcção a Mira de Aire. A freguesia sofre ainda do constrangimento por estar incluída no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, o que limita parte desse crescimento urbano. Luís Azevedo, presidente da Câmara, garantiu que esta revisão do PDM vai permitir alargar a área de construção até às zonas onde existe saneamento básico, electricidade e água canalizada.
Bruno Oliveira in "O Ribatejo"

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