07 junho, 2007

Minde, a Feira de Alcanena e o Museu

No Pavilhão Multiusos de Alcanena decorreu, de 11 a 13 de Maio, a Feira das Actividades do Concelho referente ao ano de 2007. Os objectivos da Feira eram, para além da Comemoração da criação do Concelho, divulgar e valorizar o património proporcionando o intercâmbio entre as suas Freguesias.
As Freguesias foram convidadas a valorizar a história, o património natural ou construído e as actividades económicas.Tive ocasião de visitar o Pavilhão Multiusos, no dia do encerramento da Feira, sobretudo para assistir às palestras “ Arte no Concelho“ .
A Feira pareceu-me bastante representativa do Concelho de Alcanena e o programa era bastante diversificado e completo.
O aspecto menos conseguido, na minha opinião, foi a rubrica “ A Arte no Concelho”. Foram escolhidos três artistas: Alfredo Roque Gameiro, Marília Lucília Moita e Antonieta Roque Gameiro. Apesar de anunciadas, as peças de Alfredo Roque Gameiro não estiveram presentes, por razões desconhecidas do público, visto não terem sido dadas explicações aos visitantes.
É de lamentar a ausência de obras de um artista emblemático ao nível da aguarela e reconhecido a nível nacional e internacional.
As palestras sobre a obra dos artistas escolhidos foram muito interessantes. Houve contudo dois factos que provocaram a minha estranheza e que gostaria de compartilhar com os leitores do Jornal de Minde.
Um dos factos diz respeito ao anunciado “Museu dos Têxteis” propagandeado nos expositores implantados no espaço reservado à Freguesia de Minde.
Outro facto diz respeito ao anúncio, feito pelo Sr. Secretário do Presidente da Câmara no seu discurso de encerramento, desse tal Museu dos Têxteis e também de um “Museu da Aguarela”.



Impõe-se recordar o seguinte:
Em 1965 foi constituída em Minde a Comissão Pró-Museu Roque Gameiro.
A pedido da Junta de Freguesia de Minde, na altura presidida por Lourenço Coelho Anjos da Silva, a Câmara concedeu um subsídio para a renda e manutenção da casa onde seria instalado o Museu. Em Fevereiro de 1970 a Junta Nacional de Educação deu um parecer favorável à criação do Museu e em 17 de Março do mesmo ano foi homologado esse parecer pelo, na altura, Ministério de Educação Nacional.
A partir dessa data o Museu passou a ter existência legal, tendo sido solenemente inaugurado pelo Presidente da República da época, em 21 de Novembro de 1970.
Assim sendo pergunto:
Que necessidade há de mudar de nome ao Museu de Minde, rebaptizando-o como “ Museu da Aguarela”?
Por que razão apareceram na Feira expositores anunciando o “Museu do Têxtil” em Minde, quando na proposta da criação do Museu Roque Gameiro estão explícitos os objectivos que deveriam nortear o percurso do museu, nomeadamente, aspectos etnográficos, arte contemporânea , obras e recordações de Roque Gameiro.
Os aspectos etnográficos contemplam, como bem sabemos, uma vasta área de realizações e actividades características da nossa terra, como sejam o fabrico das mantas, os têxteis, o calão minderico, etc. Assim sendo, não vejo razões para se “inovar” esquecendo o que já foi oportunamente proposto e sancionado pela população de Minde.



É urgente revitalizar o nosso Museu, pois corremos o risco de a Casa Açores voltar a degradar-se, desaproveitando o investimento nas obras já feitas e desperdiçando inutilmente dinheiro, que tanta falta nos faz. É justo salientar o papel desempenhado pelo actual Presidente da Câmara na aquisição da Casa Açores bem como o contributo do CAORG na dinamização desse processo.
Mas interrogo-me:
Será assim tão difícil a C. M. Alcanena concluir as obras e proceder à manutenção das instalações da Casa Açores?
Proponho que se reavive o grupo dos Amigos do Museu, que eventualmente aliado ao CAORG, poderia ser determinante na concretização dos nossos anseios. Lembro que o seu núcleo fundador foi constituído, para além da família directa do pintor, de personalidades que nos merecem o maior respeito (infelizmente algumas já falecidas):
António Alves Raposo, António Raposo Martins, João Almeida Mengas, Manuel Mengas Micaelo, João Vigário, Lourenço Coelho Anjos da Silva, Lourenço Coelho Carvalho, Pe. Manuel Antunes Messias, Manuel Roque Gameiro, Rogério Venâncio.

Minde, a Cultura e a Arte necessitam do Museu. Vamos dar continuidade à obra de tantos bons Mindericos? Minde merece. Aqui fica o desafio.
Lisboa, 21de Maio de 2007
Maria da Graça Carreno Roque Gameiro da Gama

In Jornal de Minde

5 comentários:

Anónimo disse...

Curioso o aparecimento da Graça Carreno, anterior conservadora do Museu Roque Gameiro que existiu em Minde nos anos 70.

Curiosas as suas observações veladamente críticas.

Minde tem muita gente capaz. Só é pena que os protagonismos envenenem tudo. E quando não são os protagonismos, são os ataques paralisantes da cambada que governa Minde há muitos anos.

Minde transformou-se numa terra de cobardes.

Anónimo disse...

A Drª Graça Carreno de certo que agiria mais democraticamente e com respeito pelos velhos que fizeram o primeiro museu.

Anónimo disse...

JA NEM ME LEMBRAVA DO ANTIGO MUSEU.
BONITA FOTO ESTA DE ÁS UNS 30 ANOS ATRÁS. DÁ PARA VER QUE A RECONSTRUÇÃO QUE FIZERAM AO PRÉDIO NADA TEM A VER COM O QUE ERA, E DÁ PARA PERCEBER PORQUE É QUE A CÃMARA EMBARGOU A OBRA DO J MARIA.

PM disse...

Caro anónimo,
Só um pequeno esclarecimento:
A obra em causa não foi embargada pela CMA, que, apesar de algumas denúncias,considera que o processo é todo legal, mas sim pelo Tribunal.

Anónimo disse...

ESTA OBRA NUNCA IRÁ ABAIXO. FAÇA O QUE FIZEREM. TUDO CAIRÁ NO ESQUECIMENTO E DAQUI A UNS TEMPOS VAI SER ACABADA.