13 março, 2009

Luís Azevedo não se recandidata em Alcanena


O movimento Independentes pelo Concelho de Alcanena (ICA) vai apresentar listas às próximas eleições autárquicas apesar do fundador do movimento e actual presidente da câmara, Luís Azevedo, já ter anunciado que não se recandidata a novo mandato.

"Não gostaria de sair da política empurrado, por isso decidi sair pelo meu próprio pé", afirmou Luís Azevedo, assegurando que o movimento que nasceu em torno da sua candidatura não morreu e está a preparar a equipa que vai candidatar às autárquicas deste ano.

Luís Azevedo, que em 2001 se candidatou como independente em ruptura com o PS, partido pelo qual fora eleito no mandato anterior, disse que depois de 24 anos de responsabilidades autárquicas (foi vereador com pelouros nos três mandatos anteriores) "chegou o momento" de deixar o lugar "a outras pessoas com ideias novas, diferentes".
O autarca entrou em ruptura com o PS quando decidiu manter a sua candidatura contra a vontade do partido, que em 2001 voltou a escolher Carlos Cunha (que presidira ao município desde 1985, função que deixou para Luís Azevedo ao assumir o cargo de Governador Civil em 1996) para liderar a sua lista.

Em 2001, o PS passou dos 51,5 por cento de votos obtidos em 1997 para o que a actual candidata socialista à autarquia, Fernanda Asseiceira, classificou de "desastrosos 19,3 por cento". A candidatura de Fernanda Asseiceira em 2005 recuperou para os 27,1 por cento, querendo o PS que a actual deputada e vereadora recupere agora a autarquia para o partido. Nas autárquicas de 2005, o ICA elegeu quatro vereadores, o PS dois e o PSD um.

Luís Azevedo disse que nunca devolveu o cartão de militante socialista, que ainda guarda no bolso, e também nunca foi expulso. "A minha relação com o partido não existe", afirmou, considerando que essa postura lhe dá uma leitura "mais desprendida, mais crítica", pelo que, hoje, se sente "menos militante, até por algum desencanto e desconforto pela forma como o Governo tem actuado".

O autarca diz que sai da autarquia com a "consciência de dever cumprido", lamentando apenas que a situação económica dos últimos anos não tenha permitido "embonecar" o seu concelho "Gostaria de deixar o concelho com uma imagem diferente, mas fizemos o que tínhamos obrigação de fazer, nomeadamente no cumprimento de normas da União Europeia quanto à cobertura do concelho em saneamento e abastecimento de água" ou na construção de equipamentos nas áreas social, desportiva e cultural e na prestação de serviços, nomeadamente aos mais idosos, disse.
Publicado no "O MIRANTE"

4 comentários:

Anónimo disse...

A Piação do Ninhou tem um site próprio a partir de hoje.

Visitem em www.calaominderico.com

Anónimo disse...

1 - Quem é a Drª Vera Ferreira

O meu nome é Vera Alexandra Carvalho Ferreira, sou natural de Santo Antão, freguesia e concelho da Batalha. Licenciei-me na universidade Coimbra, na Faculdade de Letras, em Línguas e Literaturas Modernas variante Estudos Ingleses e Alemães. Doutorei-me em Linguística Geral e Tipologia Linguística na Universidade de Munique, na Alemanha, onde continuo a viver desde 2000. Neste momento trabalho nas áreas da Linguística Geral e Documentacional nas Universidades de Munique e Regensburg.

2- Como tomou conhecimento da Piação do Ninhou?

O meu primeiro contacto com a piação do Ninhou devo-o ao meu pai (Bauduíno de Sousa Ferreira), no ano 2001, que recebeu de um colega na Batalha um pequeno dicionário com alguns vocábulos da piação (um livrinho amarelo), isto porque o seu colega sabia que eu me interessava por línguas. Foi esse livrinho que despertou todo o meu interesse pela piação bem como a vontade de a estudar a outros níveis.

3 - Que motivos a levaram a interessar-se pela Piação?

Tendo em conta a minha formação académica e interesses pessoais, os motivos acabam por se tornar óbvios: o interesse pela diversidade linguística por um lado e por outro o reconhecimento da importância de preservar essa riqueza que é também uma riqueza socio-cultural. Aliada a esses motivos vem a criatividade da piação e dos seus falantes que me fascinou desde o início. Há ainda um outro motivo, de carácter mais científico, que para mim foi extremamente importante: eu durante a tese de doutoramento trabalhei (e ainda trabalho) na área da linguística cognitiva e a piação oferece estruturas linguísticas perfeitas para exemplificar muitos dos pressupostos da semântica cognitiva.

4 - Quais os objectivos do seu trabalho?

O trabalho que estou agora a desenvolver em Minde resulta de um projecto de três anos (estamos ainda nos primeiros meses), do qual fazem parte mais duas pessoas (PD Dr. Annette Endruschat e Peter Bouda, M.A. que neste momento também está comigo em Minde), apoiado financeiramente pela Fundação Volkswagen. Este projecto, sediado na Universidade de Regensburg, está inserido no Programa de Documentação de Línguas Ameaçadas, programa esse organizado e financiado pela Fundação Volkswagen e que tem por objectivo documentar o maior número de línguas em todo o mundo que se encontram actualmente ameaçadas ou em vias de extinção e para as quais não existem até à altura quaisquer tipos de registo. Se pensarmos por exemplo que no mundo existem cerca de 6000 línguas e que metade se encontra actualmente ameaçada ou se ponderarmos os dados revelados pela UNESCO que nos mostram que em cada duas semanas uma dessas línguas ameaçadas acaba por morrer, facilmente percebemos a importância de um programa desta natureza.

No caso particular da piação os objectivos principais são por um lado a sua documentação, o que implica a gravação audio e vídeo da piação enquanto esta é usada pelos seus falantes nas diversas actividades do dia-a-dia. Essas gravações serão depois transcritas e anotadas e darão origem a um dicionáro multimédia (em três línguas: minderico – português – inglês) e estarão na base de vários artigos científicos sobre a piação do Ninhou. Por outro lado e, tendo em conta a situação actual da piação, talvez ainda mais importante que a documentação mas claramente aliada a esta será todo o processo de revitalização, para o qual já estou a dar os primeiros passos, juntamente com a comunidade minderica. Este processo implica por exemplo a criação de “aulas” de piação, ou melhor de comunicação na piação, no CAORG, que eu própria, juntamente com o Sr. Carlos Amoroso, irei dar; a reestruturação da sinalética da vila em duas línguas (minderico e português) e a criação de ementas e tabelas de preços também bilingues para os estabelecimentos públicos que pretendam aderir à iniciativa. Isto para citar apenas alguns exemplos do que se pretende. Talvez com estas pequenas iniciativas se consiga, a longo prazo, atingir um objectivo ainda mais elevado que é o reconhecimento oficial da piação como língua minoritária.

Este último objectivo pode para muitos parecer descabido ou descontextualizado. Impõe-se por isso uma breve explicação. Se pensarmos na evolução da piação ao longo dos tempos, verificamos que de facto a piação surgiu como um sociolecto ou um calão. Contudo, o minderico ultrapassou em muito os limites e barreiras do que se designa como calão – além de que esta designação acarreta uma conotação negativa que a piação não tem nem deve ter e que, de certa forma, tem influido no seu uso cada vez menos frequente. Por isso, e se ponderarmos factores como a intelegibilidade, a transmissão geracional ou os domínios variados de utilização (que não apenas a comercialização de têxteis, como acontecia nos seus primórdios), o minderico deve, na minha opinião, ser visto actualmente como uma língua (e não um calão) que teve nas suas origens uma linguagem secreta. Esta tendência na evolução de uma língua secreta para língua minoritária isolada está perfeitamente documentada noutras regiões do mundo.

Por último, e agora de um ponto de vista mais egoísta, este trabalho servirá de base à minha futura tese de pós-doutoramento que será inteiramente dedicada à piação do Ninhou.

5 - Está a ter boa aceitação por parte dos Mindericos e das Instituições Oficias?

Sim, sem dúvida. Quer os mindericos quer as instituições oficiais têm-se mostrado extremamente cooperantes, satisfeitos por ver a sua piação a seguir novos rumos e entusiasmados com esta oportunidade de “não deixar a piação cair no gualdino”.

6 - Pretende fazer algum evento público para dar a conhecer o seu trabalho?

Não sei se lhe poderei chamar um evento público mas pretendo já neste fim-de-semana apresentar o projecto e os seus objectivos nas missas de sábado e domingo e posteriormente, com mais detalhe, no Cine-Teatro de Minde.

7 - Quer apresentar-se aos Mindericos com um breve texto na Piação do Ninhou?

Caros charales, carranchanos e covanos, cópios planetas a todos os que são antónio forno pelo Ninhou e pela sua piação. Mirantei a borboleta no jardim de Camões, na terruja a duas das da póvoa do casal médio de cima mas engenho agora na classe ancha do Touquim, na terruja das babosas do país dos marcos, e acima de tudo sou antónio forno pela piação.

O meu engenho com a piação começou no planeta ancho de 2001 e desde aí tenho jordado as gâmbias ao engenho para que a piação não escadeire e para a tirar do irmão do Quiqui. Eu penetro que já são muito teodorinhos os charales que ainda piam à modeia e penetram a piação; os terraiozinhos (os chararales do que há-de vir) já só dão ao badalo na piação do Camões, o que é muito didi para a piação. Para mim a piação além de muito cópia é como uma herança de videira não só para o Ninhou como para todo o jardim de Camões e por isso tem de ser engenhada com detalhe. É para isso que jordei o andarilho pelas d’el rei para Ninhou: para piar à modeia com os charales no quadrazal do margaceiro e do cuco.

Entrevista conduzida por Vítor Coelho da Silva - 2009.03.18

Anónimo disse...

Queremos ou não a pista de Parapente em Minde?

http://www.pnetpeticoes.pt/parapenteminde/

Anónimo disse...

O Engª. Azevedo não se candidata?
Que pena!
Vamos entrar na idade das trevas sem esse grande lider!