29 abril, 2009

(Bio)diversidade cultural em risco


Ainda a propósito do tal pseudo "calão mirense" encontrei este post publicado num blog de Porto de Mós que refere o tal artigo publicado no Região de Leira e sublinha a tal necessidade de "preservar esta forma de cultura própria e única do nosso concelho" (Porto de Mós), e deixei lá um comentário explicando bem a a realidade.

Existem cerca de 6000 linguas e dialectos no mundo e cerca de 3000 estão em risco de desaparecer.
A UNESCO estima que até ao ano 2050 desaparecerão cerca de 90%.
A proporção desta tendência deve-se ao facto de 96% de todas as línguas serem faladas apenas por 3% da população mundial, ou seja, são as línguas das pequenas comunidades que estão mais ameaçadas.
Com um total de 196, a Índia encabeça a lista de países com maior número de línguas ameaçadas. É seguida pelos EUA com 192 e pela Indonésia com 147. Algumas destas línguas são faladas por apenas meia dúzia de pessoas.
Pode ver-se o atlas das línguas em risco aqui.

A biodiversidade das espécies está para a vida na Terra como esta diversidade das linguas está para a cultura humana e por isso é de facto imperioso proteger estas línguas étnicas.
Segundo George Steiner, uma língua que desaparece é um mundo que se acaba.
De acordo com a UNESCO para travar esta tendência é necessário recorrer à educação, aos media, à criação de museus assim como à recriação teatral de costumes.
A maior ameaça actual é a simplificação de exigida pela internet, mas no passado a rádio e a televisão já fizeram bastantes estragos.

No território nacional a lingua mais falada é inquestinavelmente o português, tendo no entanto o mirandês também o estatuto maior de língua e não de dialecto, como aconteceu no passado.
Apesar disso, existem em algumas regiões do país calões próprios, como é o caso de Mira de Aire e Minde.

No último Região de Leiria, o calão mirense mereceu destaque.
Segundo Carlos Alberto "actualmente não ultrapassarão a dúzia o número de pessoas que dominam o calão mirense, código linguístico com três séculos nascido em Mira de Aire e que corre o risco de desaparecer para sempre."
O que deve ser feito para preservar esta forma de cultura própria e única do nosso concelho?
Publicado no blog "VILA FORTE" (Paulo Sousa)

1 comentário:

Anónimo disse...

Este é um assunto que morre por si, Dar-lhe importancia é fazer o jogo deles.