22 maio, 2009

O assalto feminino ao poder autárquico




As eleições autárquicas de 2009 podem ficar na história, pelo menos na da região, com a chegada ao poder municipal de um número invulgar de mulheres. Candidatas a presidente não faltam e muitas delas com possibilidades reais de serem eleitas. Se no final deste ano as presidentes de Salvaterra de Magos e Vila Franca de Xira tiverem homólogas em Alcanena, Alpiarça, Abrantes, Constância e Rio Maior não será de estranhar, apesar de, tal como no futebol, os prognósticos só se deverem fazer no final, após a contagem dos votos.

Veterana das lides autárquicas, Aurelina Rufino, actual presidente da Junta de Freguesia da Chamusca e ex-vereadora no executivo camarário, autarca diz que o tempo em que a actividade política era uma coutada masculina “já passou completamente à história”. Ressalva que “os homens terão sempre o seu papel enquanto parceiros”, mas sem o predomínio a que se assistiu nos primeiros 30 anos de democracia.

Para já uma coisa é certa: a maioria dos executivos camarários vai ter mais presença feminina, seja como presidente ou como vereadoras. Até à data, Maria da Luz Rosinha (PS) em Vila Franca de Xira e Ana Cristina Ribeiro (BE) em Salvaterra de Magos têm feito as despesas da representação do chamado sexo fraco. Juntou-se-lhes há meses Vanda Nunes (PS), que substituiu o presidente da Câmara de Alpiarça após Joaquim Rosa do Céu ter pedido a suspensão do mandato.

E em Alpiarça há francas possibilidades de o poder continuar a ser conjugado no feminino, pois na calha para substituir Vanda Nunes surgiu a deputada socialista Sónia Sanfona, uma advogada já com alguma experiência política. Tal como a sua camarada de partido e de Assembleia da República Fernanda Asseiceira, que repete a candidatura de há quatro anos em Alcanena. Mas desta vez com mais possibilidades de vencer já que o actual presidente Luís Azevedo não se recandidata.

Em Abrantes, a vereadora Céu Albuquerque é a aposta do PS para suceder ao camarada Nelson Carvalho.

Em Constância a luta também promete ser aberta, já que o “dinossauro” António Mendes (CDU) não se recandidata à câmara e a socialista Margarida Veríssimo, quadro superior na vizinha Câmara da Barquinha, tenta a sua sorte com legítima ambição. O mesmo se passa em Rio Maior, onde a actual presidente da junta de freguesia da cidade, Isaura Morais (PSD), tenta subir na hierarquia autárquica e roubar o lugar ao socialista Silvino Sequeira, no poder há mais de duas décadas.

“Acho óptimo que haja cada vez mais mulheres na política. Penso que isso não tem nada a ver com o efeito da imposição de quotas mas sim com a disponibilidade e predisposição das mulheres para integrarem listas”, diz Aurelina Rufino, ressalvando no entanto que “a actividade autárquica exige muito” e é provável que algumas não cheguem sequer a tomar posse.
Publicado no "O MIRANTE"

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