
Se excluirmos o Mirandês, existem poucas terras que se podem gabar de possuir um linguajar próprio. O Calão Minderico é uma riqueza que nós orgulhosamente exibimos mas não valorizamos. Apenas o CAORG tem feito algum esforço para preservar este verdadeiro património, através da edição de alguns livros, mas pouco mais tem sido feito. O Professor Abílio e mais um ou dois Mindericos ilustres também têm desempenhado um papel importante, mas os jovens apenas sabem dizer "covano do ninhou" e um palavrão ou outro em calão.
Últimamente é mais fácil ver alguns estudiosos, que nada têm de ligação a Minde, a debruçar-se sobre o estudo desta nossa linguagem, do que aquilo que nós Mindericos temos desenvolvido para que este património não se perca e caia no esquecimento.
Em Miranda do Douro as escolas já têm uma disciplina de Mirandês e em Sendim já se pensa no mesmo em relação ao Sendinês.
Porquê em Minde não começarmos a pensar num projecto similar em que nas escolas fosse dado uma hora semanal de Calão Minderico? Nem que fosse num horário extra-curricular.
Julgo ser esta a forma mais correcta de valorizar e promover o nosso dialecto, e com um pouco de boa vontade não seriam necessários grandes fundos.
A Riqueza de um Povo está na sua Cultura e suas Raízes, e Pequenas Coisas fazem as Grandes Terras e os Grandes Homens.
Neste espírito, aqui pelo Minde-Online vamos tentar começar a desenvolver algumas pequenas iniciativas para que o Calão Minderico não caia no esquecimento. Para começar um pequeno texto em Calão, que desafiamos os nossos leitores a comentar e a traduzir (sem recorrer a cábulas).

«É preciso que todos os nossos cardetas façam por não deixar cair no antigo a nossa piação. O Famoso tem feito o possível para a tirar do Gualdino mas se não houver charales que continuem a piar à modeia , mais planeta menos planeta , a nossa piadeira acaba por escadeirar.
É didi ter a nossa piação quase a jordar para o canto da macaínha quando há tantos covanos doutras terrujas engenhadas nela. Deixar a nossa piação entegue ao irmão do Quiqui é condená-la à encolha dos mirantes. Há por isso uma grande classe de D.Carlos de a aguentar nos catronhos dando ao badalo na piação à modeia à moda do coxo do Covão e por brincadeira , sem ser didi para ninguém. O grupo do Mestre Migança vai emanar uma catrefa de moinhos da fonte com o paleio dos charales para que todos os engenhados em penetrar da piação os possam trocar a neto.»
In Jornal de Minde, edição nº 430